terça-feira, 25 de outubro de 2011

Cuidado com o Vocabulário da Logística

Frequentemente escutamos frases ou lemos: “Estas soluções minimizam os custos logísticos; “Com esta proposta conseguimos otimizar o seu canal de distribuição” ou este projeto permitirá que sua empresa desenvolva a logística integrada. Mas estariam bem ditas ou escritas tais afirmações ou estaríamos criando confusões em sua utilização? Este artigo tem como objetivo analisar como a forma que alguns termos e expressões têm sido utilizados na Logística Empresarial. O uso de cada palavra ou expressão tem como objetivo tornar de forma clara as informações, tomando cuidado para os novos termos que venham a ser utilizados agreguem um significado sem limitar os que já existem.


O Papel da Logística na Empresa


Com passar do tempo o ambiente de negócios tem passado por mudanças rápidas, o que tem impactado na gerência das organizações. A logística com parte da gestão empresarial não tem escapado deste contexto.

A evolução de novos adjetivos, tem provocado confusões conceituais, compromentendo o conteúdo essencial da área. Um dos reflexos deste contexto é o esquecimento de que a logística é parte da organização e não um elemento isolado. De forma específica a gestão empresarial representa toda a corporação e para ter uma administração competitiva estrutura-se em várias áreas distintas, sendo a logística um desses pilares conforme ilustrado na figura 1. De nada adiantaria se uma empresa fosse detentora de um marketing referencial, produtos de excelente qualidade e uma logística desestruturada não permitindo que o produto esteja no local e no momento certo garantindo suas características exigidas pelo mercado.

Ou seja para uma organização ter sucesso precisa ter a participação das diferentes áreas da estrutura as quais devem se alinhar (organizar, estruturar ou até subordinar) em função da gestão empresarial, onde estabelece a visão, missão e estratégia da empresa.


Figura 1 - A Logística como parte da Gestão Empresarial


Logística Integrada 

O uso de adjetivos se tornou algo muito comum, nos mais diversos conceitos ligados a gestão. Porém, é necessário tomar muito cuidado ao fazê-lo. Por exemplo, ao dizer que uma empresa está desorganizada, entendemos que há empresas organizadas. Quando falamos “fluxo de caixa negativo” confirmamos que existem empresas com fluxo de caixa positivo, mas quando falamos de logística integrada, não estamos afirmando que existe logística não integrada.

Entretanto se verificarmos os conceitos das autoridades da logística, que posicionam a logística sem o adjetivo “integrada” temos as seguintes afirmações que por si só incorporam este termo a sua definição. Por exemplo “A logística é a gestão de fluxo entre as funções de negócio (DORNEIR, at al, 2000, p.39). Seria possível gerenciar fluxo de material de forma eficaz sem integrar as várias funções que acompanham o fluxo?

Martin Cristopher, outro autor renomado da área, afirma que “a logística é essencialmente a orientação e a estrutura de planejamento que procura criar um plano único para o fluxo de produtos e informação ao longo de um negócio”(CRISTOPHER, 2007, p.4). Esse “plano único” refere-se à integração.

O Concil of Supply Chain Management and Professionals (CSCMP), umas das conceituadas organizações de logística afirma que {...} a gestão logística é uma função de integração que coordena e otimiza todas as atividades logísticas, bem como integrada suas atividades em outras funções, incluindo marketing, vendas, manufatura, finanças e tecnologia da informação” (CSCMP, 2010). Para que a eficácia de um sistema seja alcançada é necessária a integração e sincronização destes elementos.

A não integração das atividades de logística e desta com outras funções da empresa, significa que a logística não está completa. Ou seja a logística é composta de armazenagem, transporte e gestão de estoque, mas o que caracteriza é a integração dessas atividades.


Otimização: minimização de custos e maximização de lucros. Será mesmo? 

Outro aspecto a ser considerado é a utilização , de forma até abusiva o termo “otimização”. Ela vem sendo utilizada sem respeitar o verdadeiro sentido que ela expressa. Otimizar é encontrar o que há de ótimo em algo, tanto como maximização (encontrar o máximo) e minimização (encontrar o mínimo). Todas essas palavras servem para indicar o que se pode conseguir de melhor em certas áreas da empresa, como minimização do estoque, maximização do lucro, do nível de serviços, entre outros. Seria demonstrar a perfeição dentro das condições existentes em seu trabalho. Mas para isso, teria que ser feita um estudo quantitativo dessas condições, para saber se isso foi realmente investido para melhoria da empresa, ou apenas para melhorias imediatas. Estes métodos quantitativos, conhecido como Pesquisa Operacional (PO), se utilizam da matemática para ajudar na melhoria de decisões empresa.

Quando se fala no máximo ou no mínimo está implícito que não existe uma solução melhor seja a solução encontrada é provada matematicamente como a melhor das soluções possíveis (COELHO,2007).

Abordamos aqui dois temas: um deles se refere ao papel da logística nas organizações e o outro refere-se ao vocabulário utilizado na área: o termo “logística integrada” e “otimização”. Estes termos têm sofrido distorções especialmente por formadores de opinião. 

O termo logística integrada, por exemplo, faz parecer que o termo logística por si só está aquém do seu verdadeiro significado, uma vez que a logística é obrigatoriamente integrada, pois não existe uma logística eficaz se esta não for totalmente integrada a todos os demais setores da organização. Desta feita o termo logística integrada acabaria sendo redundante e totalmente desnecessário.

Fonte: Artigo Publicado na Revista Mundo Logística - Edição 22 de Mai/2011 - págs 16 a 19
Baseado no artigo de:
Carlos Manuel Taboada Rodriguez
Neimar Follmann


Grupo Azul


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