Fonte: Revista Mundo Logística Ed. 17 pág. 46 |
Hoje tem-se por objetivo, colocar do mesmo lado da mesa o “dono”
da carga e o “dono” do caminhão, trabalhando juntos para reduzir custos e
então, só depois reduzir o preço.
"O transporte rodoviário de cargas no
Brasil é responsável por cerca de 80% do total transportado; esse é o número
real da matriz, pois as estatísticas oficiais trazem transporte dutoviário
(restrito e dedicado às transferências de fluidos), e transporte de cabotagem
agregando transporte de areia de bancos às margens, apenas para citar dois
desvios das estatísticas mais conhecidas. Mesmo sendo os caminhões tão importantes na nossa economia, o negócio é difícil" (Douglas Tacla - Vice-Presidente
de Transportes para a América Latina da DHL Suplly Chain).
Com poucas barreiras para entrar neste mercado, são atraídas novas
e pequenas empresas com pouco ou nenhum investimento e alto grau de
endividamento, que baixam preço para sobreviver. É tão grande o número de “carreteiros
empresários” nesta condição, que estabelece um patamar de preços muito próximo
aos custos diretos, não considerando a remuneração de capital e depreciação dos
ativos; com isso a frota envelhece e as empresas empobrecem, tendo que
trabalhar com preço ainda mais baixo para sobreviver, então se estabelece um
ciclo perverso que canibaliza o setor.
O Brasil cresce e a economia se fortalece, mas o Transporte
de Cargas enfraquecido, vai da esperança de recuperação à frustração.
A tabela abaixo, mostra os principais custos fixos e variáveis,
e sua proporção, considerando um veículo de articulado (cavalo mecânico +
semi-reboque) para uma média mensal de 10.000 km.
Não cabem aumentos de fretes que “cheirem” dois dígitos,
mesmo que asfixie, então como recuperar o setor sem inviabilizar a logística do
produto?
Quem deve pagar essa conta é o desperdício, ninguém lucra com
o caminhão parado na fila ou baú pela metade.
Principais elementos de custos no transporte rodoviário de
carga
O transporte é a parcela que representa o maior custo
logístico. Pegando como base os números recentes norte-americanos, que possuem
um melhor registro de informações, o custo total da logística equivale a 10% do
PIB, sendo que o transporte desse total responde por 60%. O Brasil tem
proporções semelhantes, e supõem-se ainda maiores, da ordem de 13% dadas as
ineficiências operacionais e os sabidos problemas de infraestrutura.
Os problemas enfrentados no dia-a-dia do Transporte de Cargas
são muitos, mas vale ressaltar:
- Filas para carga e descarga;
- Improdutividade na roteirização (roteirização);
- Estradas ruins;
- Falta ou baixa colaboração entre embarcadores/transportadores (colaboração);
- Congestionamentos;
- Planejamento deficitário de vendas/compras para disparar os pedidos de transporte (planejamento de cargas);
- Desalinhamento de planejamento entre logística e produção, vendas, compras (desalinhamento de planejamento).
Reflexos da improdutividade e
infraestrutura ruim nos custos de transporte
Alguém paga o desperdício de tempo do caminhão parado, quer
seja no trânsito, quer seja em filas de carga e descarga; a verdade é que o
tempo é tão cruel quanto democrático, todos acabam por pagar.
Consolidação de Carga
Transporte colaborativo é um conceito novo que vai ficando
maduro sem ser usado no Brasil. É tão simples quanto ameaçador; as empresas
envolvidas na logística de um produto planejam juntas e ganham juntas. “As
empresas” quer dizer: embarcador recebedor e transportador.
A consolidação de cargas, não é um ato colaborativo, mas
isolado em seu planejamento e casuístico na execução.
O cliente final coloca um pedido de compra; o produtor aciona
sua cadeia logística e coloca o pedido de transporte; o transportador “dispara
o gatilho”, deve mover o gatilho e finalizar a entrega cumprindo o tempo
estabelecido. Caminhões trazem para o mesmo centro de distribuição produtos em
quantidades relativamente pequenas, essas entregas ocorrem várias vezes na
semana com origem no mesmo embarcador, ou mesma microrregião.
A falta de uma estrutura e planejamento para a consolidação
da carga gera ineficiência claras no processo de transporte de distribuição.
Para comprovar isso, não precisa de grandes estudos, basta “sentar na porta” de
um grande varejista e contar quantos caminhões chegam todos os dias vindos da
mesma origem.
Podemos concluir que o planejamento de logística de grandes e
eficientes empresas avançou muito, mas ainda é isolado, e no Brasil nem as
grandes empresas possuem fluxo e alcance para operarem de forma ótima se
isoladas. Cliente e Operadores Logísticos podem e devem ser parte do
planejamento e cúmplices na execução.
Redução de preços, sem aumento de produtividade, não é
sustentável. Essa prática esta levando a insolvência, empresas tradicionais, e
o mercado está bem perto do limite e no limiar de um colapso.
Então fica a pergunta inicial: Preço ou Custo? A resposta é:
ambos, primeiro custo, depois preço.
Transporte sua opção.
Fonte: Revista Mundo Logística - Edição 17 - Julho/2010 - Págs.: 46 a 51
Baseado em artigo de:
Douglas Tacla
Grupo Lilás
Muito bom, meninas. Adorei!
ResponderExcluirObrigado por divulgar meu artigo, se quiserem conhecer mais do meu trabalho visitem meu blog
ResponderExcluirhttp://trans-tornodecargas.blogspot.com/
Abraço
Douglas