domingo, 23 de outubro de 2011

Preço ou Custo? Transporte sua escolha

Fonte: Revista Mundo Logística Ed. 17 pág. 46
De acordo com o artigo publicado na Revista Mundo Logística, o mesmo visa mostrar ao leitor que existem formas factíveis e razoáveis de reduzir frete sem valer-se somente do expediente comum de redução do preço do serviço. Este busca responder a questão proposta mostrando caminhos e principalmente discutindo as variáveis que mais impactam custos; a ideia é óbvia e velha: melhorar a performance do sistema logístico, eliminando ou reduzindo as deficiências das operações de transportes, atuando diretamente na consolidação de carga e aproveitamento do veículo.

Hoje tem-se por objetivo, colocar do mesmo lado da mesa o “dono” da carga e o “dono” do caminhão, trabalhando juntos para reduzir custos e então, só depois reduzir o preço.

"O transporte rodoviário de cargas no Brasil é responsável por cerca de 80% do total transportado; esse é o número real da matriz, pois as estatísticas oficiais trazem transporte dutoviário (restrito e dedicado às transferências de fluidos), e transporte de cabotagem agregando transporte de areia de bancos às margens, apenas para citar dois desvios das estatísticas mais conhecidas. Mesmo sendo os caminhões tão importantes na nossa economia, o negócio é difícil" (Douglas Tacla - Vice-Presidente de Transportes para a América Latina da DHL Suplly Chain).

Com poucas barreiras para entrar neste mercado, são atraídas novas e pequenas empresas com pouco ou nenhum investimento e alto grau de endividamento, que baixam preço para sobreviver.  É tão grande o número de “carreteiros empresários” nesta condição, que estabelece um patamar de preços muito próximo aos custos diretos, não considerando a remuneração de capital e depreciação dos ativos; com isso a frota envelhece e as empresas empobrecem, tendo que trabalhar com preço ainda mais baixo para sobreviver, então se estabelece um ciclo perverso que canibaliza o setor.

O Brasil cresce e a economia se fortalece, mas o Transporte de Cargas enfraquecido, vai da esperança de recuperação à frustração.

A tabela abaixo, mostra os principais custos fixos e variáveis, e sua proporção, considerando um veículo de articulado (cavalo mecânico + semi-reboque) para uma média mensal de 10.000 km.

Tabela 1 - Custos porcentuais Carreta 10 mil km


Não cabem aumentos de fretes que “cheirem” dois dígitos, mesmo que asfixie, então como recuperar o setor sem inviabilizar a logística do produto?

Quem deve pagar essa conta é o desperdício, ninguém lucra com o caminhão parado na fila ou baú pela metade.


Principais elementos de custos no transporte rodoviário de carga

O transporte é a parcela que representa o maior custo logístico. Pegando como base os números recentes norte-americanos, que possuem um melhor registro de informações, o custo total da logística equivale a 10% do PIB, sendo que o transporte desse total responde por 60%. O Brasil tem proporções semelhantes, e supõem-se ainda maiores, da ordem de 13% dadas as ineficiências operacionais e os sabidos problemas de infraestrutura.

Os problemas enfrentados no dia-a-dia do Transporte de Cargas são muitos, mas vale ressaltar:

  •   Filas para carga e descarga;
  •   Improdutividade na roteirização (roteirização);
  •   Estradas ruins;
  •   Falta ou baixa colaboração entre embarcadores/transportadores (colaboração);
  •   Congestionamentos;
  •   Planejamento deficitário de vendas/compras para disparar os pedidos de transporte (planejamento de cargas);
  •   Desalinhamento de planejamento entre logística e produção, vendas, compras (desalinhamento de planejamento).


Reflexos da improdutividade e infraestrutura ruim nos custos de transporte

Alguém paga o desperdício de tempo do caminhão parado, quer seja no trânsito, quer seja em filas de carga e descarga; a verdade é que o tempo é tão cruel quanto democrático, todos acabam por pagar.

Tabela 2 - Reflexos da Improdutividade e Infraestrutura Ruim nos Custos de Transporte

Consolidação de Carga

Transporte colaborativo é um conceito novo que vai ficando maduro sem ser usado no Brasil. É tão simples quanto ameaçador; as empresas envolvidas na logística de um produto planejam juntas e ganham juntas. “As empresas” quer dizer: embarcador recebedor e transportador.

A consolidação de cargas, não é um ato colaborativo, mas isolado em seu planejamento e casuístico na execução.

O cliente final coloca um pedido de compra; o produtor aciona sua cadeia logística e coloca o pedido de transporte; o transportador “dispara o gatilho”, deve mover o gatilho e finalizar a entrega cumprindo o tempo estabelecido. Caminhões trazem para o mesmo centro de distribuição produtos em quantidades relativamente pequenas, essas entregas ocorrem várias vezes na semana com origem no mesmo embarcador, ou mesma microrregião.

A falta de uma estrutura e planejamento para a consolidação da carga gera ineficiência claras no processo de transporte de distribuição. Para comprovar isso, não precisa de grandes estudos, basta “sentar na porta” de um grande varejista e contar quantos caminhões chegam todos os dias vindos da mesma origem.

Podemos concluir que o planejamento de logística de grandes e eficientes empresas avançou muito, mas ainda é isolado, e no Brasil nem as grandes empresas possuem fluxo e alcance para operarem de forma ótima se isoladas. Cliente e Operadores Logísticos podem e devem ser parte do planejamento e cúmplices na execução.

Redução de preços, sem aumento de produtividade, não é sustentável. Essa prática esta levando a insolvência, empresas tradicionais, e o mercado está bem perto do limite e no limiar de um colapso.

Então fica a pergunta inicial: Preço ou Custo? A resposta é: ambos, primeiro custo, depois preço.

Transporte sua opção.



Fonte: Revista Mundo Logística - Edição 17 - Julho/2010 - Págs.: 46 a 51 
Baseado em artigo de:
Douglas Tacla
Grupo Lilás

2 comentários:

  1. Obrigado por divulgar meu artigo, se quiserem conhecer mais do meu trabalho visitem meu blog
    http://trans-tornodecargas.blogspot.com/
    Abraço
    Douglas

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